Eu to cansada!


Numa dessas "peças" da vida, envolta em relações tumultuadas, permitam-me desabafar minha fadiga diante da tua negligência às boas maneiras. Estou verdadeiramente fatigada, cansada até a alma, de ser regida por tuas palavras, como se o simples ato de articulá-las fosse algo além de tua habilidade.

A arte de comandar para ti parece ser um espetáculo de vaidade, um desfile de poder desprovido de essência. Lembra-te, por gentileza, que o ato de "pagar", repetido incessantemente como um mantra, não faz de ti um senhor supremo, mas sim alguém em constante troca, embora, ao que observo, recebas mais do que justamente mereces, em algumas ocasiões.

O eco monótono das tuas palavras, recheadas de futilidades tratadas como se fossem pérolas de sabedoria, faz-me ansiar por uma maturidade que teima em não florescer. Cresce, imploro-te, pois o respeito não se conquista através de uma estética meticulosamente cuidada, mas sim pela força e autenticidade da tua personalidade. É como se tentasse transmitir, em traços poéticos, que a verdadeira riqueza reside no teu ser interior, na profundidade da tua alma, e na forma como te relacionas com o mundo que te cerca.

Em meio às máscaras que vestes e às histórias de bonomia que contas, percebo que já desvendei a tua verdade, uma verdade de espírito empobrecido. A tentativa de ser um samaritano virtuoso é transparente, e eu te aconselho a não gastar o teu tempo comigo, pois meu discernimento já transcendeu essa encenação, e distinguir uma alma empobrecida não requer esforço exagerado.

Desanima-me a tarefa constante de elevar a tua moral, de oferecer conselhos e amizade sincera, enquanto recebo em troca apenas um simulacro de amizade, vazio e desprovido de significado. Ah, como anseio por um "Bom dia" genuíno, porém, és hábil em focar na superficialidade da minha aparência, esquecendo o verdadeiro cerne da existência.

Percebo, e isso me entristece, que optas por observar o exterior ao invés de mergulhar na essência das palavras e ações. Deixa de ser um curioso inveterado! Se não percebeste, não almejo chamar a atenção, muito menos ser objeto de especulação.

E, antes que esse desabafo se dissolva no vento da indiferença, permita-me um último apelo: pára de chorar sem razão aparente. Essa lágrima inoportuna parece mais uma busca por atenção do que uma expressão genuína de tristeza. Ninguém agirá além de ouvir por piedade, e a vida passa enquanto desperdiças a tua, não a minha.

Tu conheces o caminho para desfazer esse emaranhado de ilusões; ergue-te da tua quimérica letargia e abraça a realidade que te rodeia. Não és doente, não enfrentas privações, e as tuas limitações, ao meu olhar, são sobretudo psicológicas. Mesmo para isso, há remédio nos dias de hoje. Ninguém resolverá os teus dilemas, a não ser tu mesma.

Se a tarefa se mostra hercúlea, sugiro, com um toque de ironia, que te atires no conforto de um pijama, te acolhas diante da TV e te entregues à indulgência gastronômica até a saciedade. Pelo menos assim, tua busca incessante por compaixão e drama seria contida, poupando-nos da tua trágica paranoia.

Não almejo a perfeição, pois essa é uma busca utópica. No entanto, prometo não ser uma pedra no teu caminho, nem tecer mentiras em tua direção. Estou aqui neste vasto palco chamado vida para aprender e superar, como todos nós. Ninguém carrega mais do que o outro, pois, ao final, não possuímos mais do que o que está alojado em nossos próprios seres. E garanto que isso não se mede em termos materiais.

O destino é comum a todos, independente de fortuna ou percepções ilusórias. A vida é efêmera, e a verdadeira riqueza está na jornada interior, nas lições aprendidas e no amor genuíno que compartilhamos. Agradeço por permitires que estas palavras toquem teu ser, pois é uma sincera expressão do que se esconde em minha alma. Muito obrigada por entenderes.

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